sábado, 14 de setembro de 2013

Funcionários denunciam descaso com saúde pública no município de Barreira







Instalações precárias, falta de medicamentos e instrumentos de trabalho, entre outros requisitos básicos para o bom funcionamento de uma unidade de saúde, são algumas das reclamações dos funcionários do município de Barreira, localizado a 72 km de Fortaleza. A secretária de saúde da cidade, Liduina Felipe Santiago, confirmou que há precariedade nas instalações, mas afirmou que a prefeitura está em busca de melhorá-las.
Instalações precárias, falta de medicamentos e instrumentos de trabalho são alguns dos problemas denunciados pela população do municipio. FOTO: DIVULGAÇÃO
Na última terça-feira (10), um grupo de enfermeiros e dentistas concursados do município foram à Câmara dos Vereadores da cidade em forma de protesto para expor as dificuldades a que são submetidos no ambiente de trabalho. Nas camisas, as frases 'Com saúde não se brinca' e 'Saúde não é circo' estampavam a indignação dos profissionais. A enfermeira Ana Matildes Lima reclamou da precária infraestrutura dos postos de saúde. "Têm unidades de saúde que sequer possui um banheiro para o profissional ou água potável pra beber. Faltam equipamentos, algumas medicações não são suficientes, exames demoram meses para chegar, consultórios odontológicos têm telhas à mostra e sem sistema de refrigeração", revelou a enfermeira.
Prefeitura projeta reforma nos postos de saúde


Conforme denunciado pelos funcionários, a secretária de saúde confirmou que alguns dos 8 postos de saúde da cidade têm instalações precárias e que necessitam de mudanças. Segundo ela, a prefeitura está se articulando para estruturar algumas das unidades o mais rápido possível. "Nós temos problemas, mas estamos procurando melhorar. Não são todos os postos que têm bebedouro, ar-condicionado, alguns faltam cadeiras e birôs. Acerca dos medicamentos, a compra é compartilhada com o Governo do Estado, mas alguns deles ainda não chegaram", disse Liduina.
Sobre o problema dos banheiros, a secretária ressaltou que o município vem passando por uma crise de falta de água e que algumas instalações sanitárias, principalmente nos postos de saúde mais longes do centro de Barreira, ficam prejudicadas. "Temos banheiros em todos os postos, mas alguns deles não estavam funcionando. Na semana passada, fomos com uma equipe nas unidades para solucionar os problemas. Nos postos que só tem um banheiro para ser compartilhado entre funcionários e pacientes, já estamos estudando a construção de outro", ressaltou.
Banheiros precisam ser compartilhados entre funcionários e pacientes. FOTO: DIVULGAÇÃO
Funcionários se negam a aderir ao PMAQ-AB
O PMAQ-AB (Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica) é uma ação do Governo Federal que visa melhorar as instalações básicas de postos de saúde das cidades brasileiras. Para se cadastrar, o município precisa da adesão dos funcionários. Em Barreira, 4 dos 8 postos aderiram ao programa em 2011, e, conforme a sua classificação entre ótimo, regular ou insatisfatório, o município passou a receber uma verba mensal de R$ 30.800 para ser destinado à saúde. Segundo os agentes, a verba vem sendo mal aplicada, o que fez com que as outras 4 unidades se recusem a assinar o termo.
A prefeitura garantiu que o dinheiro do governo federal foi aplicado principalmente na manutenção dos postos, como a compra de materiais de limpeza, trocas de lâmpadas e fechaduras, entre outras ações, conforme informou a secretária de saúde do município. Segundos os funcionários e confirmado pela própria prefeitura, a administração passada se prontificou a garantir um auxílio salarial aos profissionais de saúde com a verba do PMAQ-AB, porém o novo comando do município acha essa hipótese inviável. "O PMAQ é um programa e não uma lei. Não podemos adicionar gratificação aos salários, pois o programa pode acabar a qualquer momento", disse Liduina.
Mudanças de horários geram conflito entre prefeitura e funcionários

Desde a última segunda-feira (7), os profissionais de saúde do município tiveram que se adequar a uma nova carga horária. Anteriormente, dentistas e enfermeiros deixavam Fortaleza por volta das 7 da manhã e chegavam a Barreira às 8. O retorno acontecia às 16h. A partir dessa semana, porém, os funcionários saem às 6h30 e deixam a cidade às 17h. Segundo a prefeitura, a mudança aconteceu devido a reclamações por parte da população, já que alguns profissionais começavam os atendimentos nos seus postos no meio da manhã. Para alguns funcionários, a mudança de horário aconteceu como uma revida a não-assinatura do PMAQ. Questionada se o tempo de deslocamento entre Fortaleza e Barreira contava como 'hora trabalhada', a secretária afirmou: "conversei com o procurador e com o advogado da prefeitura e eles disseram que não conta (como hora trabalhada), pois eles têm acesso a transporte público".

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